Um antigo grimório que ousou listar os nomes, títulos e poderes dos demônios sob o comando do Inferno.

No coração sombrio do Renascimento, enquanto alquimistas e ocultistas buscavam a luz por entre sombras, surgiu uma obra ousada e temida: a Pseudomonarchia Daemonum, ou “Falsa Monarquia dos Demônios”. Escrita por Johann Weyer (1515–1588), um médico e ocultista flamengo, esta obra se tornou um dos pilares da demonologia europeia, sendo predecessora direta do celebre Ars Goetia.

Apesar do tom cético de Weyer, que tentava descredibilizar os caçadores de bruxas, ele não poupou detalhes ao descrever uma hierarquia completa do Inferno, com nomes, atributos, aparências e funções de 69 demônios.

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Pseudomonarchia Daemonum – O catálogo infernal

O livro maldito

Este catálogo infernal, compilado no século XVI, revela as hierarquias demoníacas, descrevendo 69 espíritos com seus poderes, aparências e funções. Mas o que torna este texto tão fascinante? E por que ele continua a atrair buscadores de sabedoria oculta até os dias atuais?

Diferente do Ars Goetia, a Pseudomonarchia Daemonum não apresenta instruções ritualísticas para invocação. Ela é uma lista seca, quase administrativa, de seres infernais. Mesmo assim, seus relatos são aterradores.

Cada entrada inclui:

  • Nome do espírito
  • Título infernal (Rei, Duque, Conde, etc.)
  • Número de legiões comandadas
  • Forma de aparição
  • Poderes e capacidades sobrenaturais

Um exemplo clássico é o do demônio Bael, que também aparece na Goetia:

“O primeiro príncipe é o Rei Baël. Ele aparece com três cabeças: um sapo, um homem e um gato. Ensina a arte de tornar-se invisível. Governa 66 legiões.”

Os 69 demônios da hierarquia infernal

A Pseudomonarchia Daemonum lista 69 entidades, cada uma com seu título, habilidades e forma de ser invocada. Diferente de outros grimórios, Weyer não fornece selos ou símbolos, mas descreve seus domínios e influências.

Alguns dos mais notáveis incluem:

  • Bael: O primeiro da lista, um rei que governa 66 legiões e pode conceder invisibilidade.
  • Paimon: Um mestre de artes e ciências, que fala com voz estridente e exige reverência.
  • Astaroth: Grande duque que revela segredos do passado e futuro, mas exala um hálito venenoso.
  • Belzebu: Chamado de “Senhor das Moscas”, associado à decadência e à corrupção.

Abaixo, a lista completa com os nomes dos espíritos e seus respectivos títulos infernais, conforme essa obra clássica da demonologia:

Lista de Demônios da Pseudomonarchia Daemonum:

  1. Bael – Rei
  2. Agares – Duque
  3. Vassago – Príncipe
  4. Samigina (Gamigin) – Marquês
  5. Marbas – Presidente
  6. Valefar – Duque
  7. Amon – Marquês
  8. Barbatos – Duque
  9. Buer – Presidente
  10. Gusion – Duque
  11. Sitri – Príncipe
  12. Beleth – Rei
  13. Leraje – Marquês
  14. Eligos – Duque
  15. Zepar – Duque
  16. Botis – Presidente e Conde
  17. Bathin – Duque
  18. Sallos – Duque
  19. Purson – Rei
  20. Marax (Morax) – Presidente e Conde
  21. Ipos – Conde e Príncipe
  22. Aim – Duque
  23. Naberius – Marquês
  24. Glasya-Labolas – Presidente e Conde
  25. Bune – Duque
  26. Ronove – Marquês e Conde
  27. Berith – Duque
  28. Astaroth – Duque
  29. Forneus – Marquês
  30. Foras (Forcas) – Presidente
  31. Asmodeus – Rei
  32. Gaap – Príncipe
  33. Furfur – Conde
  34. Marchosias – Marquês
  35. Stolas – Príncipe
  36. Phenex – Marquês
  37. Halphas – Conde
  38. Malphas – Presidente
  39. Raum – Conde
  40. Focalor – Duque
  41. Vepar – Duquesa
  42. Sabnock – Marquês
  43. Shax – Marquês
  44. Viné – Rei e Conde
  45. Bifrons – Conde
  46. Vual – Duque
  47. Haagenti – Presidente
  48. Crocell – Duque
  49. Furcas – Cavaleiro
  50. Balam – Rei
  51. Alloces – Duque
  52. Caim – Presidente
  53. Murmur – Duque e Conde
  54. Orobas – Príncipe
  55. Gremory – Duque
  56. Ose – Presidente
  57. Amy – Presidente
  58. Orias – Marquês
  59. Vapula – Duque
  60. Zagan – Rei e Presidente
  61. Valac (Valu, Volac) – Presidente
  62. Andras – Marquês
  63. Haures (Flauros) – Duque
  64. Andrealphus – Marquês
  65. Cimejes (Kimaris) – Marquês
  66. Amdusias – Duque
  67. Belial – Rei
  68. Decarabia – Marquês
  69. Seere – Príncipe

Essa lista é especialmente útil para estudantes de demonologia, ocultismo ou literatura esotérica. Aqui no Bandoleiro.com, já exploramos alguns desses nomes em artigos anteriores, mas a profundidade da Pseudomonarchia Daemonum vai além do que muitos grimórios ousam revelar.

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O catálogo infernal

Entre a doutrina e a magia

Johann Weyer foi aluno de Heinrich Cornelius Agrippa e, embora tentasse argumentar contra a bruxaria como delírio coletivo, sua Pseudomonarchia contraditoriamente oferecia um manual detalhado sobre as entidades do Inferno.

Este paradoxo torna o grimório ainda mais fascinante: é um documento entre a razão renascentista e o terror místico.

A influencia na Goetia e no ocultismo

Muitos nomes e descrições da Pseudomonarchia foram posteriormente usados e adaptados no Ars Goetia, parte do Lemegeton Clavicula Salomonis. No entanto, ao contrário da Goetia, Weyer não apresenta selos, nem triangulo da arte, nem comandos cerimoniais. É uma obra de referência, mas carregada de misticismo e temor.

Ocultistas como Aleister Crowley e estudiosos modernos ainda utilizam a Pseudomonarchia Daemonum como fonte primária para compreender a tradição demonológica da Idade Moderna.

Curiosidades e legado

  • Weyer afirmava que muitos casos de “possessão” eram condições mentais, antecipando a psiquiatria.
  • A obra é escrita em latim, e várias traduções só surgiram no século XX.
  • Alguns demônios listados por Weyer não aparecem na Goetia, como Pruflas e Morax, mantendo sua aura de mistério.

Entre a medicina e a magia negra

Johann Weyer, um homem à frente de seu tempo, era tanto um estudioso da medicina quanto um investigador do oculto. Sua obra, Pseudomonarchia Daemonum (traduzida como “A Falsa Monarquia dos Demônios”), foi publicada como um apêndice de seu livro De Praestigiis Daemonum (1563), onde ele desafiava a caça às bruxas, argumentando que muitas acusações eram frutos de ilusões demoníacas.

Curiosamente, Weyer não via os demônios como entidades literais, mas como manifestações de enganos espirituais. No entanto, seu catálogo detalhado influenciou grimórios posteriores, como o Lemegeton (A Chave Menor de Salomão), que incorporou e expandiu suas listas infernais.

Uma advertência ou um convite?

Weyer pretendia que seu livro fosse um alerta contra a superstição, mas paradoxalmente, ele acabou se tornando um manual para aqueles que buscam poder nas trevas. Isso nos leva a uma questão perturbadora:

Será que catalogar os demônios os torna mais reais?

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O catálogo infernal

Pseudomonarchia Daemonum: Johann Weyer e o nascimento do grimório

O Pseudomonarchia Daemonum foi publicado pela primeira vez como um apêndice ao livro De Praestigiis Daemonum (Sobre as Ilusões dos Demônios), escrito pelo médico e ocultista holandês Johann Weyer.

Weyer, um estudioso renascentista, buscou compreender e classificar os demônios não apenas como entidades malévolas, mas como figuras com papéis específicos no cosmos demoníaco.

Johann Weyer (também conhecido como Johannes Wier ou Ioannes Wierus) foi um médico e ocultista holandês nascido em 1515 e falecido em 1588. Ele é uma figura bastante singular na história da demonologia e da magia renascentista, sendo conhecido principalmente por seu grimório “Pseudomonarchia Daemonum”, que significa “Falsa Monarquia dos Demônios”.

Quem foi Johann Weyer?

Johann Weyer foi discípulo de Heinrich Cornelius Agrippa, um famoso mago renascentista e filósofo ocultista. Apesar de ter formação médica, Weyer teve grande interesse pelas artes ocultas, alquimia e demonologia — temas muito discutidos na Europa do século XVI. No entanto, o que o diferenciou de muitos contemporâneos foi sua posição crítica em relação aos caçadores de bruxas.

Weyer acreditava que muitas mulheres acusadas de bruxaria eram, na verdade, pessoas com distúrbios mentais, e defendia que elas deveriam ser tratadas por médicos e não executadas.

Por que Johann Weyer escreveu o grimório Pseudomonarchia Daemonum?

A Pseudomonarchia Daemonum surgiu como um apêndice do tratado De Praestigiis Daemonum (1563), no qual Weyer critica a perseguição às bruxas e o fanatismo demonológico.

O grimório, por si só, não foi escrito como um manual de invocação, mas sim como uma compilação “irônica” ou “crítica” dos demônios listados em grimórios anteriores, como o Liber Officiorum Spirituum e outras tradições mágicas medievais.

Objetivos de Weyer com o grimório:
  1. Criticar a caça às bruxas e o uso exagerado da demonologia como justificativa para perseguições.
  2. Desacreditar a crença literal em pactos demoníacos, mostrando o absurdo da ideia de que seres humanos pudessem comandar ou fazer contratos com entidades tão poderosas.
  3. Apresentar os demônios como figuras “catalogadas”, em um tom quase médico ou científico — semelhante a como se classificavam doenças ou ervas.
  4. Desafiar os textos demonológicos da época, especialmente os que vinham da Inquisição e das autoridades religiosas.

O texto lista 69 demônios, incluindo suas hierarquias, títulos, poderes e como eles se manifestam ao serem invocados. Muitos desses nomes e descrições foram incorporados posteriormente no famoso grimório Ars Goetia, que é a primeira parte da Chave Menor de Salomão (Lemegeton).

Importância e legado:

  • Weyer foi um precursor do pensamento cético e racionalista, em uma época dominada pela superstição e pelo medo religioso.
  • Sua obra influenciou posteriormente pensadores como Reginald Scot, autor de The Discoverie of Witchcraft.
  • Apesar de seu tom crítico, seu grimório acabou sendo interpretado por ocultistas posteriores como uma fonte legítima de nomes e estruturas demoníacas, sendo amplamente citado até hoje por praticantes de magia cerimonial e goetia.

Curiosidade: Embora Weyer tenha escrito o Pseudomonarchia Daemonum como parte de sua crítica à caça às bruxas, o texto acabou se tornando uma referência crucial para praticantes modernos da magia cerimonial.

História Intrigante: Durante o Renascimento, o interesse por textos ocultistas floresceu, e o Pseudomonarchia Daemonum foi amplamente estudado por alquimistas, magos e teólogos que buscavam desvendar os segredos do mundo invisível.

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Pseudomonarchia Daemonum – O catálogo infernal

Os selos demoníacos: Portais para o sobrenatural

Na Pseudomonarchia Daemonum, de Johann Weyer, os selos (ou sigilos) dos demônios não são apresentados. Esse é um detalhe muito importante e que gera bastante confusão, especialmente porque muitos estudiosos modernos acabam associando essa obra à Ars Goetia, que sim contém os selos mágicos dos 72 demônios da Goetia.

Weyer listou 69 demônios, com suas hierarquias, títulos nobiliárquicos infernais (como duque, rei, conde etc.), poderes e descrições físicas, mas não incluiu os sigilos (selos mágicos) que seriam usados em invocações. Isso acontece porque:

A confusão se dá porque muitos dos demônios da Pseudomonarchia aparecem posteriormente na Ars Goetia, que é um grimório operacional e traz os selos de todos os 72 espíritos. Esses selos são símbolos mágicos usados para chamar ou controlar os demônios.

A Ars Goetia surgiu mais de um século depois da obra de Weyer e foi escrita por autores anônimos que claramente se inspiraram na lista de Weyer, mas a transformaram em um sistema mágico funcional, incluindo selos, círculos mágicos e instruções rituais.

Resumo da diferença:

Se você está interessado nos selos dos demônios da Goetia, deve procurar a versão da Ars Goetia, que inclui os sigilos mágicos e instruções rituais.

Já a Pseudomonarchia Daemonum é uma obra mais teórica e crítica, sem uso prático mágico direto.

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Pseudomonarchia Daemonum – O catálogo infernal

Conclusão:

A Pseudomonarchia Daemonum é um dos grimórios mais influentes e misteriosos da história ocidental. Não se trata de um livro de invocações, mas sim de uma chave para compreensão dos poderes que residem além do limiar da razão.

Um compênio sinistro para todo aquele que busca entender a hierarquia do Inferno não como folclore, mas como parte de um sistema simbólico milenar.

A Pseudomonarchia Daemonum permanece como um dos textos mais intrigantes da demonologia. Seu legado é uma espada de dois gumes: para alguns, um mapa do perigo; para outros, um portal de conhecimento proibido.

Mas aqui fica a pergunta: estamos preparados para enfrentar as verdades reveladas pelo Pseudomonarchia Daemonum? Ou preferimos permanecer na superfície, ignorando os chamados das hierarquias infernais?

Para continuar explorando o universo fascinante do Pseudomonarchia Daemonum e outros temas místicos, visite o bandoleiro.com e descubra mais conteúdos reveladores sobre magia, esoterismo e misticismo.

Que os segredos do catálogo infernal guiem seu caminho enquanto você reflete sobre os mistérios que aguardam para serem desvendados.

Sobre o autor

Pesquisador e escritor independente, o criador do Bandoleiro.com é um andarilho dos mistérios, dedicado a revelar saberes esquecidos e tradições ocultas.

O livro Todas as Vezes que Olhei pro Horizonte convida você a uma jornada repleta de mistérios e aventuras pelo sertão central cearense. Com uma escrita poética e cativante, JT Ferreira mescla contos enigmáticos, lendas e memórias que transportam o leitor a lugares e sensações únicas. 

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