No coração dos grimórios proibidos, entre selos de poder e nomes esquecidos, ergue-se uma figura de força silenciosa e sabedoria insondável: Marbas. Não um demônio de fúria cega, mas um governante de legiões, um mestre da transformação, um espírito que, ao ser evocado, não apenas obedece — revela.
Seu nome ressoa no Ars Goetia, a primeira parte do Lesser Key of Solomon, como o 5º espírito da hierarquia infernal, comandando 36 legiões de seres do abismo. Mas sua verdadeira natureza vai muito além de um simples posto em um catálogo demoníaco.
Marbas é o leão que caminha entre as sombras da verdade, aquele que pode curar doenças, conceder sabedoria, revelar o que está oculto e até transformar a forma física do homem. Ele não é adorado, mas invocado com respeito — pois quem chama Marbas deve estar preparado para ouvir o que não deseja saber.

Marbas: O Governante da Verdade Nua
Diferente de muitos espíritos goéticos que seduzem com promessas de riqueza ou poder, Marbas exige algo mais raro: integridade. Segundo o Pseudomonarchia Daemonum de Johann Wier (1577) e o Ars Goetia, ele tem o poder de “dar respostas verdadeiras sobre coisas ocultas”, “curar todas as doenças” e “conceder habilidades mecânicas e artesanais”. Mas há um detalhe crucial: ele só fala a verdade — mesmo quando ela dói.
Essa característica o coloca em uma categoria à parte. Enquanto outros espíritos podem enganar ou distorcer, Marbas é descrito como um ser que despreza a falsidade. Se um mago o invocar com intenções egoístas ou coração dividido, Marbas pode recusar-se a responder — ou pior: revelar os segredos mais sombrios do invocador.
É como se ele fosse um espelho mágico: não mostra o que se deseja ver, mas o que realmente é. Nesse sentido, evocar Marbas não é um ato de domínio, mas de submissão à verdade.
O Leão de Bronze: Forma e Transformação
A aparição de Marbas é descrita como a de um leão feroz, cujo rugido faz tremer o chão. Mas ao ser compelido pelo mago, ele assume forma humana — um homem alto, severo, de olhar penetrante. Essa transformação simbólica é carregada de significado: o espírito domina a matéria.
Mais fascinante ainda é seu poder de transformar formas. O Ars Goetia afirma que Marbas pode alterar o aspecto de homens e animais, não apenas fisicamente, mas energeticamente. Alguns estudiosos esotéricos, como o ocultista S.L. MacGregor Mathers, interpretam isso como uma alusão à transmutação alquímica do corpo etérico, um processo ligado à regeneração espiritual e ao controle sobre a energia vital.
Há lendas, pouco divulgadas, de alquimistas medievais que invocaram Marbas para curar doenças incuráveis — não com remédios, mas com o poder da vontade transmutada. Dizem que um homem, consumido pela peste negra, foi tocado por uma chama invisível durante um ritual e acordou no dia seguinte são, com os olhos brilhando como se tivesse renascido.
Seria isso milagre? Alquimia? Ou o toque direto de uma inteligência cósmica que governa a forma e a saúde?

Marbas e os Anjos Caídos: Uma Linhagem de Sabedoria
Apesar de classificado como um “duque infernal”, há tradições herméticas que veem em Marbas não um ser caído, mas um guardião de conhecimentos proibidos — um daqueles espíritos que, segundo a tradição enoquiana, desceu para ensinar aos homens as artes e os segredos do universo.
Essa visão é reforçada pelo fato de que Marbas é frequentemente associado ao planeta Marte, símbolo de força, guerra e energia vital. Mas também ao leão, animal solar por excelência, ligado ao sol, à coragem e ao coração. Essa dualidade — marcial e solar — sugere que Marbas não pertence exclusivamente às trevas, mas ao limiar entre a luz e a sombra, como um guardião do equilíbrio.
Alguns manuscritos atribuídos a John Dee e Edward Kelley, os famosos magos elisabetanos, mencionam um espírito chamado Mabroz — uma possível corrupção de Marbas — que teria revelado fórmulas alquímicas e chaves para a cura espiritual. Embora esses registros sejam controversos, eles indicam que Marbas era, para os grandes ocultistas do Renascimento, mais do que um nome em um grimório: era um mestre de iniciação.
O Ritual do Leão: Como Invocar a Verdade
Invocar Marbas não é para os fracos de coração. O Ars Goetia exige um círculo mágico perfeito, pentáculos consagrados, incensos de mirra e olíbano, e palavras de poder pronunciadas com firmeza. Mas o requisito mais importante não está escrito: a pureza da intenção.
O ritual tradicional ocorre à meia-noite, sob o signo de Áries ou Leão — ambos regidos por forças marciais e solares. O invocador deve jejuar por três dias, meditar sobre suas verdades mais ocultas e escrever, em um pergaminho, a pergunta que deseja fazer. Não deve pedir riquezas, vingança ou poder sobre outros — Marbas despreza esses desejos.
O que ele aceita?
- A busca pela cura verdadeira, física ou espiritual.
- O desejo de sabedoria prática, não teórica.
- A necessidade de revelar o oculto, seja um segredo, uma traição ou um caminho perdido.
Ao final do ritual, diz-se que o ar se torna denso, como se uma presença invisível ocupasse o espaço. E então, em silêncio, surge uma voz — não alta, mas profunda, como o rugido de um leão distante — que responde com clareza implacável.
O Ritual de Invocação: Como Chamar Marbas?
Para invocar Marbas, os grimórios prescrevem um ritual preciso:
- Um círculo de proteção com o sigilo de Marbas gravado em chumbo ou pergaminho.
- Oferecimentos de sangue (simbólico ou real) e ervas como louro e arruda.
- Invocações em latim ou enoquiano, seguindo estruturas rígidas para evitar possessões.
Aleister Crowley, em seus experimentos com a Goetia, advertia: “Marbas não é um servo, mas um negociador astuto. Ele exige respeito, ou cobrará um preço inesperado.”
A Magia da Verdade em Tempos de Ilusão
Vivemos em uma era de máscaras. Nas redes sociais, nas relações, até em nossa própria mente, usamos identidades que não são inteiramente nossas. Nesse contexto, Marbas surge como um arquétipo urgente — o espírito que arranca as máscaras.
Psicólogos junguianos veem nele uma personificação do Shadow iluminado: não a sombra que destrói, mas a que revela. Ele é o chamado para a autenticidade, para a coragem de encarar o que foi negado. E talvez, por isso, sua energia esteja mais presente do que nunca — não em rituais noturnos, mas em sonhos, intuições súbitas, diagnósticos médicos inesperados, ou em momentos em que, de repente, você simplesmente sabe a verdade sobre si mesmo.
No Bandoleiro.com, entendemos que a magia não está apenas nos círculos e pentáculos, mas na coragem de viver com verdade. Marbas nos lembra que o caminho espiritual não é sobre escapar da realidade, mas sobre mergulhar nela até o fundo.

O Rugido nas Trevas: A Verdade Sobre Marbas
Entre os 72 espíritos da Goetia, Marbas se destaca como uma figura paradoxal – um demônio que tanto cura quanto corrompe. Conhecido como o Grande Presidente do Inferno, ele aparece como um leão furioso, mas pode assumir forma humana para ensinar artes mecânicas e revelar segredos ocultos.
A Goetia e o Legado de Salomão
No Lemegeton Clavicula Salomonis, grimório atribuído ao Rei Salomão, Marbas é descrito como o quinto espírito da Goetia. Ele comanda 36 legiões de demônios e possui dois rostos: o de um leão selvagem e o de um homem sábio.
Segundo o ocultista S. L. MacGregor Mathers, Marbas tem o poder de causar e curar doenças, além de conceder conhecimento sobre mecânica e artes ocultas. Seria ele um demônio benevolente ou um enganador que cobra um preço terrível por seus favores?
O Duplo Poder: Cura e Corrupção
Marbas não é um simples espírito de destruição. Ele pode curar enfermidades com um toque, mas também transformar homens em bestas – literalmente. Alguns relatos medievais sugerem que feiticeiros invocavam Marbas para amaldiçoar inimigos, fazendo com que desenvolvessem doenças degenerativas ou perdessem a sanidade.
Será que essa dualidade reflete a natureza ambígua da magia negra – um caminho que promete poder, mas exige sacrifícios obscuros?
Da Medicina Negra à Magia Moderna
Na Idade Média, Marbas era associado à peste e a doenças misteriosas. Hoje, alguns ocultistas o veem como um arquétipo do conhecimento proibido – uma força que pode ser canalizada para cura, mas que carrega riscos morais e espirituais.
A Ligação com a Alquimia e a Transformação
Marbas não é apenas um curandeiro sombrio; ele também ensina segredos de mecânica e transmutação. Será que essa conexão com a transformação sugere que ele pode mudar não só corpos, mas também almas?

O Guardião dos Segredos da Carne e do Espírito
Marbas ocupa o quinto lugar na hierarquia dos 72 espíritos infernais e é reconhecido como um Presidente do Inferno, que comanda 36 legiões. Seu nome é invocado por magistas que desejam desvendar mistérios ocultos da saúde, da transformação física, da mecânica da mente e das causas secretas de doenças.
Aparece com frequência na forma de um leão majestoso, símbolo solar de poder, sabedoria e força transmutadora. Contudo, também pode assumir uma forma humana, caso seja ordenado — como se dissesse: “Sou fera e homem, matéria e espírito. Qual parte desejas ver primeiro?”
O que diferencia Marbas de outros espíritos da Goetia é seu profundo domínio sobre os campos da medicina oculta e da cura espiritual. Conforme descrito no Lemegeton, este espírito “revela segredos ocultos, causa e cura doenças, e transforma homens em outras formas”.
É importante compreender que, para Marbas, a cura não é apenas um alívio físico. Ela é a revelação de um desequilíbrio oculto, a dissolução de uma ilusão, o restabelecimento do eixo entre alma, corpo e espírito.
Em linhas mais contemporâneas da magia, como ensina Stephen Skinner em sua obra Techniques of Solomonic Magic, o trabalho com Marbas pode ser comparado a uma cirurgia espiritual profunda, que atua onde médicos e psicólogos não conseguem alcançar.
O Cirurgião do Invisível
O aspecto curador de Marbas transcende os limites do conhecimento médico tradicional. Antigos ocultistas o invocavam para descobrir causas misteriosas de enfermidades, especialmente aquelas que pareciam não ter origem física — doenças de origem espiritual, maldições, desequilíbrios energéticos.
Sua intervenção podia se manifestar por meio de sonhos, visões, intuições ou curas espontâneas, como relatado por vários adeptos da magia cerimonial salomônica no século XVII.
O Alquimista das Formas
Um dos dons mais enigmáticos de Marbas é sua capacidade de transformar formas humanas. Isso pode ser interpretado simbolicamente como mudanças de personalidade, identidade ou papel social, mas também como um indicativo da capacidade de alterar estados vibracionais — o que, na prática, pode se manifestar como mudanças drásticas de aparência, voz, comportamento ou energia pessoal.
Em tradições modernas, especialmente na magia do caos, essa habilidade é usada por praticantes para ativar arquétipos ocultos dentro de si mesmos, reprogramando padrões de comportamento antigos.

O Selo de Marbas: Um Portal para a Verdade Interna
O selo de Marbas, como os demais sigilos goéticos, funciona como uma chave vibracional e simbólica. Ao ser desenhado e ativado ritualmente, estabelece um campo de conexão com esse espírito específico, permitindo que o operador acesse suas energias e conhecimentos.
Em rituais tradicionais, recomenda-se o uso de velas douradas ou azul-escuro, incenso de benjoim ou olíbano e preparação psicoespiritual adequada. O espírito não responde a vozes trêmulas ou vontades vagas. Ele exige clareza de propósito, respeito e determinação.
O Espírito que Revela Causas Ocultas
A função de revelar causas ocultas é uma das mais valiosas habilidades atribuídas a Marbas. Isso inclui desde a origem de doenças até segredos espirituais ou falhas energéticas em ambientes, pessoas ou situações.
Em grimórios medievais, há relatos de magistas que invocaram Marbas para descobrir a origem de pragas, surtos epidêmicos ou surtos de loucura em comunidades. Ele revela não apenas o “o quê”, mas o “porquê” — uma visão que antecipa práticas holísticas modernas, onde a cura exige compreensão integral da origem do desequilíbrio.
Ecos nas Almas Inquietas
Em comunidades ocultistas contemporâneas, especialmente em fóruns de praticantes da Goetia e da magia do caos, há diversos relatos de contato com Marbas em estados de sonho, transe ou meditação.
Ele costuma aparecer como um leão de olhos azuis flamejantes, ou como um curandeiro encapuzado com mãos de luz incandescente, que toca o corpo energético do evocador e sussurra palavras em uma língua desconhecida — a linguagem pura da alma.
Tais encontros, segundo os relatos, muitas vezes precedem mudanças profundas na saúde física ou emocional, ou revelações sobre traumas e memórias esquecidas.
A Busca por Curadores Espirituais
Em tempos onde doenças emocionais e existenciais se espalham como epidemias silenciosas, Marbas ressurge como um símbolo necessário — um curador não da carne, mas das causas ocultas, das feridas invisíveis, das formas dissonantes que assumimos sem saber.
Não é à toa que bandoleiro.com recebe cada vez mais visitas de buscadores que desejam compreender espíritos como Marbas. Eles não são apenas “demônios”, como a tradição cristã os quis pintar, mas entidades arquetípicas que espelham nossas necessidades mais profundas de cura, transformação e sabedoria.

Conclusão: Você Está Pronto para Ouvir o Rugido?
Marbas não vem com receitas prontas ou soluções de superfície. Ele exige mergulho. Ele pede escuta. Sua medicina é crua, às vezes dolorosa — mas sempre transformadora.
Marbas permanece uma das entidades mais paradoxais da demonologia – um espírito que pode salvar ou condenar, iluminar ou corromper. Seu conhecimento é tentador, mas seu preço é incerto.
Ele revela o que você preferia não ver. Ele cura não com remédios, mas com revelações. E sua presença, ora leonina, ora humana, lembra que a verdadeira alquimia não é transformar chumbo em ouro, mas ignorância em clareza.
Marbas não promete felicidade fácil. Não traz riquezas nem poder sobre os outros. Ele traz apenas uma coisa: a verdade. E a verdade, como sabemos, pode libertar — ou destruir.
Quantos de nós realmente desejam saber o que escondem de si mesmos? Quantos estão dispostos a curar não apenas o corpo, mas a alma? E se, ao invocar Marbas, a pergunta que ele respondesse não fosse sobre o futuro — mas sobre o que você tem negado no presente?
A jornada com Marbas não termina com um ritual. Ela começa nele.
Você ousaria pedir cura a um espírito que te mostrará a verdade sobre si mesmo?
O leão está à porta.
Ele não bate.
Ele espera.
E quando você finalmente olhar nos seus olhos, talvez descubra que o monstro era você — e que, pela primeira vez, está prestes a se tornar humano.
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